domingo, 20 de janeiro de 2013

Vik Muniz

Cultura do choque

Vik Muniz realiza curadoria consistente e eletrizante que 
poderá mexer com as bases de sua carreira artística

por Paula Alzugaray

Buzz/ Roesler Hotel, SP/ até 23/2

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                                           PONTILHADO

          Pintura "Infinity Dots", de 2008, da artista japonesa Yayoi Kusama

Em setembro de 2012, a galeria Nara Roesler anunciou um dos grandes lances do ano no mundo das artes visuais: o acordo de representação do artista brasileiro de maior reconhecimento internacional, que havia rompido contrato com a galeria Fortes Vilaça no início do ano passado. Unanimidade de público, mas não de crítica, Vik Muniz estreia sua atuação em nova casa apresentando um trabalho curatorial surpreendente. Se sua obra artística com elementos como açúcar, caviar, diamantes e luxo demonstra já há algum tempo sinais de cansaço – embora mantenha intactos o interesse popular e os altos preços de mercado –, em sua atuação como curador, o artista dá sinais de grande vitalidade. Com um trabalho de alcance popular, Vik Muniz realiza uma exposição de muitos méritos sem negar sua origem pop.

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ARTE ÓPTICA
Trabalho do artista Marcos Chaves, impressão da série "Logradouro"

A atitude pop começa já no título da exposição: “Buzz”, uma onomatopeia para representar os “ruídos visuais” praticados por cada uma das 90 obras expostas. Está também no declarado interesse do artista nos choques entre erudição e cultura popular, manifestos em momentos-chaves da história da arte, como, por exemplo, na ocasião do aparecimento da op art e da pop art nos Estados Unidos dos anos 1960, no contexto da gestualidade do expressionismo abstrato.
O curador, contudo, realiza em “Buzz” uma consistente análise da op art, partindo de sua origem norte-americana, com artistas como Bridget Riley; passando pela arte cinética latino-americana com Carlos Cruz-Diez e Julio le Parc; pelo concretismo brasileiro, com artistas como Geraldo de Barros; pelo neo-concretismo, com Hélio Oiticica e Lygia Pape; pela abstração geométrica europeia, com François Morellet. Isso tudo desemboca na arte contemporânea de artistas como Rodolpho Parigi, Roberto Cabot, Olafur Eliasson e Tauba Auerbach. Ao longo do roteiro da exposição, Muniz provoca vários “buzzes”. Leia-se: impactos.
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                                                GEOMETRIA
            "Dub Plate", escultura de acrílico e madeira de Gilbert Hsiao

Altos impactos se fazem sentir, por exemplo, entre a irreverência de uma pintura como “Infinity Dots NTSEDT” (2008), da japonesa Yayoi Kusama, e a gravidade de uma escultura do brasileiro Sérgio Camargo. Com isso, Vik Muniz exercita nessa exposição uma cultura do impacto e do ruído que, espera-se, tenha saudáveis efeitos sobre sua obra artística. 


Fonte: Revista ISTO É - ARTES VISUAIS  N° Edição:  2252 |  11.Jan.13 - 21:00 |



  Do You Tube - Vik Muniz fala da exposição.

Um comentário:

  1. Caso não conheça Vik Muniz assista o comentário "Lixo Extraordinário". É ótimo!

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