Cultura do choque
Vik Muniz realiza curadoria consistente e eletrizante que
Vik Muniz realiza curadoria consistente e eletrizante que
poderá
mexer com as bases de sua carreira artística
por
Paula Alzugaray
Buzz/
Roesler Hotel, SP/ até 23/2
PONTILHADO
Pintura
"Infinity Dots", de 2008, da artista japonesa Yayoi Kusama
Em
setembro de 2012, a galeria Nara Roesler anunciou um dos grandes lances do ano
no mundo das artes visuais: o acordo de representação do artista brasileiro de
maior reconhecimento internacional, que havia rompido contrato com a galeria
Fortes Vilaça no
início do ano passado. Unanimidade de público, mas não de crítica, Vik Muniz
estreia sua atuação em nova casa apresentando um trabalho curatorial
surpreendente. Se sua obra artística com elementos como açúcar, caviar,
diamantes e luxo demonstra já há algum tempo sinais de cansaço – embora
mantenha intactos o interesse popular e os altos preços de mercado –, em sua
atuação como curador, o artista dá sinais de grande vitalidade. Com um trabalho
de alcance popular, Vik Muniz realiza uma exposição de muitos méritos sem negar
sua origem pop.
ARTE ÓPTICA
Trabalho do artista Marcos Chaves, impressão da
série "Logradouro"
A
atitude pop começa já no título da exposição: “Buzz”, uma onomatopeia para representar
os “ruídos visuais” praticados por cada uma das 90 obras expostas. Está também
no declarado interesse do artista nos choques entre erudição e cultura popular,
manifestos em momentos-chaves da história da arte, como, por exemplo, na
ocasião do aparecimento da op art e da pop art nos Estados Unidos dos anos 1960,
no contexto da gestualidade do expressionismo abstrato.
O
curador, contudo, realiza em “Buzz” uma consistente análise da op art, partindo
de sua origem norte-americana, com artistas como Bridget Riley; passando pela arte
cinética latino-americana com Carlos Cruz-Diez e Julio le Parc; pelo
concretismo brasileiro, com artistas como Geraldo de Barros; pelo
neo-concretismo, com Hélio Oiticica
e Lygia Pape; pela abstração geométrica europeia, com François Morellet. Isso
tudo desemboca na arte contemporânea de artistas como Rodolpho Parigi, Roberto
Cabot, Olafur Eliasson e Tauba Auerbach. Ao longo do roteiro da exposição, Muniz
provoca vários “buzzes”. Leia-se: impactos.
GEOMETRIA
"Dub
Plate", escultura de acrílico e madeira de Gilbert Hsiao
Altos
impactos se fazem sentir, por exemplo, entre a irreverência de uma pintura como
“Infinity Dots NTSEDT” (2008), da japonesa Yayoi Kusama, e a gravidade de uma
escultura do brasileiro Sérgio Camargo. Com isso, Vik Muniz exercita nessa exposição
uma cultura do impacto e do ruído que, espera-se, tenha saudáveis efeitos sobre
sua obra artística.
Fonte: Revista ISTO É - ARTES VISUAIS N° Edição: 2252 | 11.Jan.13
- 21:00 |
Do You Tube - Vik Muniz fala da exposição.
Caso não conheça Vik Muniz assista o comentário "Lixo Extraordinário". É ótimo!
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