“O homem é
a medida de todas as coisas”.
(Protágoras
– Filósofo grego)
Dos
povos da Antiguidade, os gregos foram os que apresentaram uma cultura mais
livre.
A
figura humana era o principal motivo na arte grega e refletia um respeito pelo
equilíbrio. Valorizaram
as ações humanas, na certeza de que o HOMEM era a criatura mais
importante do universo. Não
se submeteram às imposições de sacerdotes ou de reis autoritários. O conhecimento, através da RAZÃO, esteve
sempre acima da FÉ em divindades.
A arte
grega liga-se à inteligência, pois os seus reis eram seres inteligentes e
justos que se dedicavam ao bem-estar do povo. A arte grega volta-se para o gozo
da vida presente. Contemplando a natureza, o artista se empolga pela vida e
tenta, através da arte, exprimir suas manifestações. Na sua constante busca da
perfeição, o artista grego cria uma arte de elaboração intelectual em que
predominam o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal. Eles tem como
características: o racionalismo; amor pela beleza; interesse pelo homem, essa
pequena criatura que é “a medida de todas as coisas”; e a democracia.
ARQUITETURA
A
característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o pórtico de
entrada e o dos fundos.
Os
tempos são as edificações que despertaram maior interesse. São construídos com pedras sobre uma
plataforma três degraus. O degrau mais elevado chamava-se estilóbata e sobre
ele eram erguidas muitas colunas para garantir a sustentação do teto. As
colunas sustentavam um entablamento horizontal formado por três partes: a
arquitrave, o friso e a cornija. As colunas e entablamento eram construídos
segundo os modelos da ordem dórica, jônica e coríntia. O espaço interno era
pequeno, destinado às imagens de deuses e sacerdotes. Os cultos eram realizados
na parte externa.
Santuário de Afaya
O Erecteion da Acrópole
Partenon da Acrópole
Restos do templo de Apolo
Ruínas do santuário de Palas Aten
Templo da concórdia
Ordem Dórica
Era simples e
maciça. O fuste da coluna era monolítico e grosso. O capitel era sóbrio e
ausente de enfeites, uma almofada de pedra. Nascida do sentir do povo grego,
nela se expressa o pensamento. Caracteriza-se pela coluna apoiada diretamente
sobre a plataforma do templo. Sendo a mais antiga das ordens arquitetônicas
gregas, a ordem dórica, por sua simplicidade e severidade, empresta uma idéia
de solidez e imponência. Traduz a forma do homem.
Ordem Jônica
Representava a
graça e o feminino. A coluna apresentava fuste mais delgado e não se firmava
diretamente sobre o estilóbata, mas sobre uma base decorada. O capitel era
formado por duas espirais unidas por duas curvas. A ordem jônica traduz a forma
da mulher.
Ordem Coríntia
Era basicamente
igual a jônica, seu capitel era formado com folhas de acanto e quatro espirais
simétricas, muito usado no lugar do capitel jônico, de um modo a variar e
enriquecer aquela ordem. Sugere luxo e ostentação.
PINTURA
A pintura
dos gregos perdeu-se quase por completo, uma das razões era que os gregos
pintavam sobretudo em painéis de madeira, que não resistiram ao tempo.
Nossa única
pista da beleza da pintura grega está quase toda na decoração de vasos, uma
arte relativamente menor e essencialmente utilitária.
A palavra
“vaso” (que começou a ser usada no século XVIII como termo amplo para designar
a cerâmica grega) talvez crie equívocos. Ao contrário do que pode acontecer
hoje em dia, os gregos nunca faziam vasos apenas com fins decorativos; sempre
tinham em mente um propósito específico. Seus ceramistas produziam uma ampla
gama de produtos, em diversos formatos, tais como jarras de armazenagem,
garrafas de perfume e ungüento e recipientes de líquidos usados em rituais.
Nas pinturas
dos vasos, percebemos a preocupação com a anatomia, pois a figura humana
tornou-se o principal tema da arte e da filosofia gregas. Surge toda uma nova
maneira de ver a arte, em relação ao que o olho enxerga e a mente dispõe.
Os vasos
gregos são conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também
pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a
ornamentação.
As
pinturas dos vasos representavam pessoas em suas atividades diárias e cenas da
mitologia grega. O maior pintor de figuras negras foi Exéquias.
A pintura
grega se divide em três grupos:
1)
figuras negras sobre o fundo vermelho
Cerâmica, Anfora ática decorada com Hércules
Cerâmica, Athena Promachos
2) figuras vermelhas sobre o fundo negro
Cerâmica, Figura vermelha
3) figuras vermelhas sobre o fundo branco
Cerâmica, Anfora geométrica
Cerâmica, Guerreiro
A EVOLUÇÃO DAS ESCULTURAS GREGAS
Os
gregos buscavam no homem e na vida inspiração. O homem era considerado o
modelo, o padrão de beleza. Ele era retratado sem imperfeições, idealizado. Seus
deuses eram uma glorificação do próprio homem e tinham emoções e características
humanas.
Os gregos apresentavam uma produção
cultural livre, pois não se submetiam às regras rígidas como os egípcios, por
isso as esculturas puderam evoluir livremente, pois não tinham uma função
religiosa.
A
escultura grega representa os mais altos padrões já atingidos pelo homem. O
antropomorfismo - esculturas de formas humanas - foi insuperável.
O
escultor grego acreditava que uma estátua que representasse um homem não
deveria ser apenas semelhante a um homem, mas também um objeto belo em si
mesmo.
O
Período Arcaico vai
de meados do século VII a.C. até a época das Guerras Pérsicas, no século V a.C.
Nesse período houve uma forte influência egípcia, não só como fonte de
inspiração, mas também da própria técnica de esculpir em grandes blocos;
Os
gregos começaram a esculpir, em mármores, grandes figuras de homens. Apreciavam
a simetria natural do corpo humano, esculpiam em rigorosa posição frontal, com
o peso do corpo igualmente distribuído sobre as duas pernas. Para deixar clara
ao observador essa simetria, o artista esculpia figuras masculinas nuas,
eretas, em rigorosa posição frontal e com o peso do corpo igualmente
distribuído sobre as duas pernas. Esse tipo de estátua é chamado
Kouros (palavra grega: homem jovem).
Estátuas gregas segundo o
padrão kouros (homem jovem)
Como a arte não tinha função
religiosa e não submetia-se a regras rígida, a escultura evoluiu livremente. O
escultor grego começou a não se satisfazer mais com a postura rígida e forçada
de suas esculturas.
O Período Clássico teve início com as Guerras
Pérsicas no século V a.C. e vai até o fim da Guerra do Peloponeso, no século IV
a. C. Desse período, destaca-se, sobretudo o século V a.C., chamado “século de
Péricles”, quando as atividades intelectuais, artísticas e políticas
manifestaram o esplendor da cultura grega.
Para superar a aparência de rigidez e
imobilidade, o escultor grego procurou representar as figuras em movimento, procurou
dar movimento nas estátuas, para isto, começou a usar o bronze que era mais
resistente do que o mármore, podendo fixar o movimento sem se quebrar. Surge o
nu feminino, pois no período arcaico, as figuras de mulher eram esculpidas
sempre vestidas.
A obra abaixo representa uma
nova forma de fazer escultura. Em vez de olhar bem para a frente, como o
kouros, o Efebo tem a cabeça ligeiramente voltada para o ladoEm vez de
apoiar-se igualmente sobre as duas pernas, o corpo descansa sobre uma delas,
mais afastada em relação ao eixo de simetria, e mantém nesse lado o quadril um
pouco mais elevado.
Efebo de Crítios
Nessa procura de superação da rigidez das
estátuas, o mármore mostrou-se um material inadequado: era pesado demais e se quebrava
sob seu próprio peso, quando determinadas partes do corpo não estavam apoiadas;
A
solução foi trabalhar as esculturas em bronze, material mais resistente e
permitia ao artista criar figuras que expressassem melhor o movimento.
Os braços e as pernas dessa estátua mostram uma atividade
vigorosa. Seu tronco, porém, traduz imobilidade.
Zeus de Artemísio
Discóbolo, de Míron
O
problema de imobilidade do tronco ainda persiste nesta estátua, pois observamos
a oposição que há entre a intensa atividade dos membros e a estrutura estática
do tronco.
Doríforo (lanceiro), de Policleto
(cópia romana em mármore, o original grego data de 440 a.C.)
(cópia romana em mármore, o original grego data de 440 a.C.)
A
solução para o problema da imobilidade foi dada por Policleto. Sua escultura
mostra um homem caminhando e pronto para dar mais um passo. A figura toda
apresenta alternância de membros tensos e relaxados.
Alexandre
Magno, construiu um gigantesco império, que após sua morte fragmentou-se em
vários reinos. Esses reinos desenvolveram uma cultura semelhante à grega – daí
ser chamado de helenístico, de Hélade, como a Grécia era conhecida.
No Período Helenístico,podemos observar o
crescente naturalismo: os seres humanos não eram representados apenas de acordo
com a idade e a personalidade, mas também segundo as emoções e o estado de
espírito de um momento. O grande desafio e a grande conquista da escultura do
período helenístico foi a representação não de uma figura apenas, mas de grupos
de figuras que mantivessem a sugestão de mobilidade e fossem bonitos de todos
os ângulos que pudessem ser observados.
Características da escultura do período
helenístico:
- Tendência de expressar, sob forma humana, idéias e sentimentos, como paz, amor, liberdade, vitória, etc;
- Início do nu feminino;
- A grande novidade da escultura do período helenístico foi a represetação de grupos de pessoas, em vez de uma figura.
Cópia romana da
Afrodite de Cápua, de Lisipo
(o original grego data do século IV a.C.);
Representa a deusa
com o tronco despido, segurando um escudo em que admira o reflexo de sua
própria beleza. Esse trabalho foi
muito apreciado e copiado, com variações, durante séculos. Assim é que já no
século II a.C. aparece a célebre Afrodite de Melos (Vênus de Milo).
“Afrodite de Melos”, ou “Vênus de Milo” na
designação romana.
Escultura de autor desconhecido, sendo uma
cópia romana. Nessa escultura vêem-se combinados a nudez
parcial da “Afrodite de Cápua” e o princípio de Policleto – alternância de
membros tensos e relaxados, que ele usou ao esculpir o “Doríforo”.
Compare nas duas esculturas a posição da perna esquerda,
do lado direito do quadril e do lado esquerdo do tronco. É possível notar na
Afrodite de Melos a mesma impressão de movimento que se percebe no Doríforo.
“Vitória de Samotrácia”
No início do século II a.C., os escultores
procuraram criar figuras que expressassem maior mobilidade e que levassem o
olhar do observador a circular em torno delas. Um belo exemplo dessa nova tendência é a
“Vitória de Samotrácia”. Supõe-se que esta escultura estivesse presa à
proa de um navio que conduzia uma frota.
Figura de uma mulher com as asas abertas,
personificando o desejo de vitória: a túnica agitada pelo vento, as asas
ligeiramente afastadas para trás, o drapeado das vestes, o tecido transparente
e colado ao corpo. Todos esses elementos criam uma figura aérea e flutuante e
causam no espectador uma forte sugestão de movimento.
A grande novidade da escultura do período helenístico,
entretanto, foi a representação de grupos de pessoas, em vez de apenas uma
figura. Todo o conjunto devia dar a impressão de movimento e permitir a
observação por todos os ângulos.
“O Soldado Gálata e sua Mulher”
(cópia romana, o original grego se perdeu e data do século III a.C.)
Esse conjunto era parte de um monumento de guerra
existente em Pérgaso, na Ásia Menor. Representação da cena; um soldado grego mata a mulher
para não entregá-la ao inimigo e se prepara para o suicídio.
Qualquer lado que seja visto, mostra uma forte
dramaticidade. O soldado olha para trás, como que desafiando o inimigo
que se aproxima. Ele está pronto
para enterrar a espada no pescoço e ao mesmo tempo, segura por um dos braços o
corpo inerte da mulher que escorrega no chão. O outro braço da mulher, já sem
vida, contrasta com a perna tensa do marido.
Laoconte e seus filhos
A
dramaticidade é obtida justamente pelos contrastes: vida e morte, homem e
mulher, o nu e as vestes, força e debilidade.
Fonte:
- BECKETT, Wendy. A História da Pintura. São Paulo: Editora Ática. 1997.
- Carla Paula Brondi Calabria e Raquel Valle Martins. Arte, História e Produção 2: arte Ocidental. Editora FTD, 1997
- Strickland, Carol. Arte Comentada: da Pré-historia ao Pós-moderno. Editora: Ediouro, 1999.
- Proença, Graça. História da Arte. São Paulo. Ed. Ática. 17ª edição, 2007
- Site: www.historiadaarte.com.br (http://www.historiadaarte.com.br/linha/grecia.html)